Tuesday 8 March 2011

Manifesto Por Um Debate Diferente Sobre o Futuro do Sporting

Recuperar a Identidade Perdida

O debate sobre o futuro do Sporting tem sido conduzido, a nosso ver, de forma deslocada e inconsistente. Não tem havido sequer um verdadeiro debate. Não pretendemos ouvir nomes de treinadores ou jogadores. Não queremos promessas de dinheiro. Tememos populistas. e suspeitamos dos que apresentam a sua proximidade ao poder ou dinheiro como uma vantagem para o Sporting. Temos apenas a convicção de que é preciso discutir o Sporting de forma diferente.
Neste momento, a prioridade do Sporting é, acima de qualquer outra, recuperar a sua identidade. Tivemos um longo período da nossa história em que perdemos muito sem perder o entusiasmo. Hoje, ao fracasso soma-se a perda de entusiasmo. A razão é simples: deixámos de nos identificar com a equipa.
Fala-se, por vezes, da identidade do Sporting mas não se discute em que consiste e como a recuperar. Pelo contrário, o que temos ouvido até agora acentua a esquizofrenia que tem dominado a sua gestão nos últimos anos: um discurso puramente racional sobre a gestão do clube e uma prática passional e errática na gestão do futebol. Disseram-nos que tínhamos de separar o negócio que sustenta o futebol da emoção do futebol. Só que o negócio do futebol é a emoção. Um clube não tem consumidores mas sim adeptos. Não vende produtos ou serviços em si mesmos mas a identidade que lhes está associada. O clube não soube gerir o futebol como negócio de emoções. A aceitação de uma certa modéstia desportiva em nome da suposta boa gestão financeira foi o grande mote do Sporting nos últimos anos. O resultado tem sido uma efectiva modéstia desportiva e uma duvidosa gestão financeira.
É a esta luz que devemos configurar a identidade do clube para além do futebol. Não sabemos se se ponderou a extensão das consequências de acabar com algumas modalidades amadoras a título competitivo. Parece-nos que o prejuízo que davam era largamente compensado pela identificação dos adeptos ao clube em toda a sua dimensão e diversidade, (sobretudo) quando o futebol não ia bem. Indiretamente, elas sustentavam também o futebol.
Hoje, A gestão da identidade não pode ser separada da gestão desportiva (sobretudo no futebol) e esta é indissociável da gestão financeira do clube. É com o entusiasmo que as suas equipas geram e as mais-valias decorrentes da cedência dos seus jogadores que se sustenta economicamente um clube.
Devemos olhar para os modelos de sucesso e saber adaptá-los à nossa identidade. O Sporting fez uma opção estratégica pela formação e essa aposta parece constituir uma parte da identidade no clube. Mas cremos que o seu sucesso se deve mais à comunhão do seu valor entre sportinguistas do que à consistência da sua aplicação (com erros de todos conhecidos) ou ao facto de se terem produzido alguns jogadores extraordinários. A identidade do clube passa para os seus formandos, com todos os defeitos e virtudes. Precisamente a mesma identidade que é capaz de produzir o extraordinário é aquela que é capaz de subaproveitar o seu potencial. Só temos de aproveitar todo o potencial da nossa identidade, extrair o máximo da sua cultura de mérito e e da sua capacidade de fazer melhor que ninguém.
Por exemplo, a aposta num modelo assente na formação exige cinco coisas: primeiro, a quase totalidade das posições de tipo B (os não fora de série) devem ser preenchidas por jogadores da formação; segundo, tem de existir um modelo de jogo transversal cuja cultura tática esses jogadores saibam de memória; terceiro, a distribuição da massa salarial deve recompensar os jogadores da formação e não usá-los para financiar outros jogadores de categoria mais baixa; quarto, deve existir um plano de carreira dos jogadores da formação onde seja claro, desde cedo, o que lhes será exigido e oferecido; quinto, as contratações externas devem ser reduzidas a jogadores que sejam claras mais valias (o mesmo investimento deve ser concentrado em menos mas melhores jogadores).
O segundo aspecto fundamental para recuperar a identificação dos sportinguistas com o clube passa por uma maior transparência na sua gestão. Queremos saber como se atingiu o défice atual e o que nos distingue dos nossos rivais. Foi o estádio o principal responsável pelo atual défice? Se sim, porque razão custou muito mais do que os outros? Queremos contas consolidadas e saber a extensão real da dívida do clube, a sua repartição entre diferentes credores e as taxas de juro que nos são cobradas. Dizem que os contratos com os bancos impõem certas condições ao Sporting quanto à gestão da sua equipa de futebol e os investimentos na mesma. Queremos conhecê-las também. Não há nenhuma razão para estas informações não serem do conhecimento dos sócios.
Do ponto de vista desportivo, necessitamos de preparar e avaliar seriamente as nossas escolhas desportivas. Que perfil de jogador tem oferecido mais rendimento? Há um verdadeiro modelo de jogo? A saga dos treinadores no último ano, culminada com a vinda de Paulo Sérgio em vez de André Villas Boas, é um bom exemplo do que acontece quando se tomam decisões desportivas sem essa reflexão prévia. Há duas explicações possíveis quanto ao que se passou. A primeira é que o Sporting queria Vilas Boas e Paulo Sérgio foi uma segunda escolha. A ser verdade, ela comprova que no Sporting se escolhe um treinador sem pensar no modelo de jogo: Villas-Boas e Paulo Sérgio não podiam ser alternativas um ao outro porque têm modelos de jogo claramente opostos. A segunda hipótese é que se preferiu Paulo Sérgio porque se pretendia implantar o seu modelo de jogo. Neste caso, é a própria opção por esse modelo que não se compreende por nos parecer contraditória com os jogadores que o Sporting tem, aquilo que faz na formação e a própria tradição do clube. Num clube que tanto tem reclamado a necessidade de uma gestão racional as opções desportivas parecem ser feitas muitas vezes sem critério. Para responder a isso, fazemos duas propostas originais. Primeiro, sendo verdade que o Sporting não parece ter dinheiro para contratar um grande treinador, temos seguramente o suficiente para pagar uma consultadoria sobre a nossa política desportiva a três treinadores de topo (nomes internacionais como Sachi ou Hiddink conjugados com alguma ex-glória do Sporting).: desde o modelo de jogo à qualidade do nosso scounting tudo deve ser avaliado. Este grupo de sábios (chamemos-lhe assim) deveria, igualmente, ajudar o clube a definir um perfil de treinador e a selecioná-lo. Segundo, que os treinadores passem a ser avaliados não apenas pelos resultados mas também pelo público que atraem ao estádio, de forma a premiar a qualidade do futebol mesmo quando a juventude da equipa não lhe permita sempre vencer títulos.
Por último, o clube tem não apenas de pensar a sua identidade mas impô-la. Primeiro, o clube tem de retomar a liderança do debate sobre o futebol em Portugal. Que modelo de organização para o nosso futebol? Que mudanças na arbitragem e, em particular, nos critérios de avaliação dos árbitros? O clube poderia sugerir, por exemplo, que a classificação anual dos árbitros assentasse mais na sua coerência de critérios do que em erros individuais. Isto exigiria uma comparação entre os critérios adotados pelos árbitros não só em diferentes lances mas também em diferentes jogos o que permitiria, igualmente, controlar os próprios avaliadores. Segundo, é necessário reconhecer que num contexto futebolístico crescentemente globalizado opeso relativo dos campeonatos nacionais é cada vez menor em termos desportivos e financeiros. As principais fontes de receitas estão associadas aos campeonatos mais mediáticos. O Sporting pode e deve assumir um papel de liderança dos clubes formadores nas discussões sobre o modelo competitivo do futebol a nível internacional. O clube tem, igualmente, uma mais valia enorme por ter sido o clube que formou jogadores como Ronaldo e Figo. Mesmo já não estando no clube, nada impede o Sporting de tirar partido (incluindo do ponto de vista de marketing) da sua relação anterior com esses jogadores. A internacionalização do clube tem de partir também da sua identidade.
Os sportinguistas precisam de se reencontrar com o Sporting e o Sporting precisa de reavivar a cultura que fez dele um clube com forte tradição identitária. Quantas vezes não ouvimos recentemente que as crises oferecem uma oportunidade. O Sporting é conhecido por falhar muitas oportunidades... Esperemos que as próximas eleições não sejam apenas mais uma bola na trave. Comecemos por maximizar o número de oportunidades melhorando a qualidade do debate.

António Fidalgo

João Barata

Luciano Amaral

Luis Sousa

Miguel Poiares Maduro

Pedro Fajardo

Pedro Lomba

Pedro Sousa
Agradecemos a todos os que quiserem subscrever ou comentar este manifesto que o façam neste blog.

24 comments:

  1. Excelente iniciativa. Parabéns.

    Gostei muito de algumas ideias já avançadas:

    - O modelo proposto para o futebol. Vocacionado para uma aposta e melhor aproveitamento na formação do SCP.

    - A mudança na classificação dos árbitros. Isto implica romper com o passado recente no que diz respeito à relacção do SCP com as estruturas que gerem o futebol profissional em Portugal. O SCP tem que estar dentro dessas estruturas institucionais e, uma vez dentro delas, promover iniciativas de mudança.

    SL

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  2. Grande texto, grande visão e grande clareza na forma como se abordam temáticas fundamentais e longe de estarem a ser discutidas na campanha eleitoral que está prestes a findar.

    Há trabalho, fundamentação e clara preocupação pelo futuro do nosso Sporting Clube de Portugal.

    Algumas questões:
    - qual o próximo passo?
    - que acções, mais concretas, tem em vista este Manifesto?

    Contem comigo!

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  3. Aos subscritores deste texto deixo uma dúvida que me "alimenta" há meses sobre o que é o Sporting:

    Não existe apenas "um" Sporting mas várias identidades, filosoficamente podemos até defender que existe uma por cada adepto. Mas genericamente constato que no Sporting actual subsistem dois grandes paradigmas que vou classificar como o clube instituição e o clube empresa. Estas classificações não são referências sobre a emoção ou a paixão dos seus signatários, mas sim realidades etárias e culturais. O adepto do Sporting com 17 anos espera coisas do clube que o sexagenário não se lembraria e vice-versa.

    Nestas eleições está espelhado a oposição entre estas duas "velocidades", sendo que o Sporting é o que o seus adeptos são, estas diferenças desmembram a ideia de clube não sendo possível agregar sem saber o que se está a juntar, ou se é possível fazê-lo.

    Aliás esta divisão é muito mais fruto do envelhecimento enorme da população e do afastamento da militância entre as camadas mais jovens. Não tenhamos dúvidas que é uma camada etária entre os 25 e os 40 anos, sócio-culturalmente mais evoluída que está a tentar repensar o clube, ao passo que os restantes estão mais preocupados com o nome do treinador.

    Não se entenda numa leitura simplista das minhas palavras uma tendência para o elitismo, mas quem discordar que me mostre o que não consigo ver nesta altura. Mas como disse o problema do Sporting é o mesmo de Porto e Benfica, que não o sentem pois têm tido lideranças e conquistas ligadas às mesmas, unindo em seu torno várias realidades.

    Então o que é possível unir no Sporting antes de surgir uma liderança? Ou colocando o foco no inverso, como vamos eleger uma verdadeira liderança se não partilhamos a mesma visão sobre o que somos?

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  4. excelente artigo,msm mt assertivo e k devia merecer a atenção dos nossos candidatos a presidência e ja k eles tão dispostos a fazer 1 debate c os socios e não na tv,k tal passar-se a msg de modo a k vejamos satisfeitas todas as nossas duvidas e conhecendo os projectos reais dos candidatos.SL

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  5. Escrevo agora em meu nome pessoal, sem vincular os meus colegas de manifesto (para além do manifesto as nossas opiniões são apenas nossas se bem que que, provavelmente, em muitos casos, compartilhadas pelos outros).
    Há duas questões fundamentais que resultam dos primeiros comentários:
    1) O que se segue ao Manifesto e que acções pretendemos tomar? Não sei. Não tinhamos uma agenda para além de querer marcar o debate. O que não quer dizer que não venhamos a tomar outras iniciativas ou envolvermo-nos noutras formas de participação. O que gostariamos é que algumas destas ideias e a filosofia que lhes está subjacente transbordassem para o actual debate e, idealmente, fossem adoptadas pelo futuro Presidente. Se não desejássemos isso tinhamos ficado pela conversa entre amigos. Qual a melhor forma de o conseguir... Isto é um ponto de partida. A vossa reacção e envolvimento são um reforço importante.
    2) Os dois sportings e como os unir? A nossa opinião que a dicotomia sporting empresa vs sporting clube não é útil pois o sporting empresa necessita do sporting clube para ser uma empresa bem sucedida. Respondo com um chavão à questão final: o que necessitamos é de um lider capaz de unir o clube. Menos chavão: um bom lider é aquele que é capaz de tornar óbvio perante todos aquilo que nos une e que está escondido (por ex, na falsa oposição entre empresa e clube). E termino com um exemplo de como essa dicotomia é falsa e nem sequer necessita de uma particular forma jurídica. O clube que ganhou o Super Bowl este ano (Green Bay Packers) é um clube detido totalmente pelos sócios (todos os cidadãos da pequena cidade de Green Bay: cada um tem direito a uma acção). Isto demonstra que, mais importante que não é necessário uma grande cidade nem um grande financiador ou inovadora forma jurídica. O importante é compreender... qual a identidade do clube e fazer dela a sua mais valia!
    obrigado a todos os que comentaram até agora

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  6. Muito boa iniciativa!

    Na gestão desportiva, como em quase tudo, a roda já foi inventada, pelo que a ideia de trazer novos olhos, para analisarem o que fazemos bem e o que fazemos mal me parece muito boa.

    Saudações Leoninas

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  7. Verdão,

    O seu comentário é interessante e a sua tese merece ser acolhida, porque há muita bicefalia no Sporting de há alguns anos a esta parte. Há quem sugira mesmo que o caminho da recuperação é terminar com essa bicefalia, liquidando o braço empresarial.

    Eu sugiro uma forma diferente de ver as coisas, que aceite as duas realidades como uma só, que é efectivamente o que elas são. Não devemos distinguir o Sporting dos sócios, como não devemos distinguir o Sporting dos associados. Assim como não há dois associados com ideias iguais, também não haverá dois sócios (da SAD) com ideias iguais, com a agravante de - nesta última - os associados terem a palavra maioritária (neste momento, única).

    Vejamos a questão de outra perspectiva. O Sporting foi pioneiro, empreendedor, inovador em tudo o que é braço empresarial. Em muitos casos terá pago o preço do seu pioneirismo. Mas é na força excepcional de pegar numa realidade (clube) e de a transformar noutra mais abrangente (clube-empresa) que deveremos ir buscar uma ideia da nossa identidade.

    Como podemos capturar o que há de bom e torná-lo melhor. Como eliminar o que há de menos bom e torná-lo ineficaz, insignificante ou mesmo bom?

    Esses são os desafios do Sporting. E aqui, como em tantas outras coisas, podemos olhar para o passado para recolher lições do que fizemos ao mesmo tempo bem e mal. Essas lições servem um único propósito interessante: perspectivar as soluções para um futuro melhor, que nos permita ser ao mesmo tempo inovadores mas mais competentes.

    Como? A raiz da resposta está no que nós somos.

    Uma resposta ao lado da nossa matriz identitária será ineficaz ou lesiva.

    Uma resposta que construa sobre a nossa matriz identitária introduzirá um impulso para a mudança. Mas esse impulso não determina o resultado, pelo que teremos de compreender como e para onde o dirigir, no sentido de ficarmos mais fortes.

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  8. Gostei muito do teor do vosso manifesto. A prova de que não são programas de 50 páginas que fazem um grande candidato ou trazem grandes ideias para debate. O que precisamos antes de tudo é de voltar a instituir um núcleo primacial que constitua o mínimo denominador comum de todo o sportinguismo para sobre essa fundação voltar a erguer os pilares de um novo Sporting, mais fiel ao seu ideário original e que no fundo era o que nos fazia ter orgulho em ser leões mesmo nos anos em que não vencíamos campeonatos, pois arrastar multidões quando se ganha qualquer um faz, mas sobreviver às travessias no deserto com a pujança que só a firme certeza de que seguimos o rumo certo oferece é uma tarefa de Leões.

    SL

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  9. Boas ideias, que revelam muita reflexão conjunta sobre o Sporting. Eu, infelizmente, salvo raras ocasiões telefónicas e nas pontuais visitas a Lisboa sou obrigado a reflectir sozinho, baseado na desinformação que nos é transmitida pelos media, e no que vou lendo pela blogosfera.

    Sou oposicionista da dinastia Roquette desde o seu início. A sua gestão contabilística arrasou a paixão pelo Clube, criou fracturas gravíssimas entre Sportinguistas, e com a sua péssima condução puseram o Clube numa situação que não haverá nenhum golpe de mágica que o consiga tirar da actual situação de um momento para outro.

    A recuperação do Sporting será uma luta dura e durará, na melhor das hipóteses, algum tempo, não chegando dizer que temos em carteira 5, 100, 500 ou 1000 milhões e Messi ou Ronaldo, Mourinho ou Fergunson. Temos de construir um discurso, e acções, que tragam a juventude, e os indecisos, para o Sporting.

    O deserto de 18 anos mais o actual que se encaminha para os 9, fez perder muita juventude, hoje homens com 30 anos. Quando se fala de número de votos, e se critica que os velhos distorcem a votação, não podemos esquecer que neste momento é gente acima dos 40 anos a grande maioria dos sócios do Clube. Se não puxarmos fortemente para o Clube a massa jovem, dentro de 20 anos o número de Sportinguistas será gravemente reduzido. Precisamos urgentemente de um discurso entusiasmante, cativante, ideias novas que tragam juventude para o Clube.

    E se por dentro temos muito a trabalhar, para fora é uma tarefa hercúlea. O desporto nacional é uma mentira, feita de compradios, amizades e vigarices. E se em campo manda quem controla arbitragem e disciplina, por fora é a vergonha do jornalismo em Portugal.

    Quando referi que era oposicionista, queria dizer que sempre votei contra, mas tenho de esclarecer que NUNCA fiz oposição efectiva, e que o Presidente e os OS eleitos sempre foram os meus dirigentes, e que em todas as guerras que enfrentaram, para fora, sempre tiveram, na mísera insignificância que valho, o meu apoio.

    Isto para dizer que se estou satisfeito por haver, de momento, 6 candidatos, também estou preocupado com o pós-eleições. Espero que todos os candidatos sejam verdadeiros Sportinguistas e que a 27 de Março os 5 derrotados saibam também ser vencedores e se aliem aos eleitos para que seja um Sporting uno e forte a tentar impor a lei no desporto em Portugal.

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  10. subescrevo...bravo. deviam mediatizar mais este documento por forma a que pudesse ganhar força para ser concretamente implementado. a complementação de ideias só fortalece o Sporting.

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  11. Este é um texto obrigatório, que subscrevo e agradeço.

    É também um texto que torna muito claro quem não podem ser os próximos dirigentes do Sporting.

    Não podem ser dirigentes os que não percebem que a paixão é o bem mais valioso no negócio do futebol -- Steve Jobs vende electrónica ou vende emoções?

    Não podem ser dirigentes os que se dedicam a destruir, a partir de dentro, o projecto que tem segurado o Sporting nos últimos anos e que tem levado o nome do clube pelo mundo -- a formação.

    Não podem ser dirigentes os que não percebem que para um clube português há argumentos racionais, financeiros e económicos que justificam uma estratégia suportada na formação.

    Não podem ser dirigentes os que elegem como inimigos os próprios jogadores e adeptos, ignorando os comportamentos criminosos dos rivais e elegendo ao patamar da intocabilidade qualquer treinador de vão de escada.

    Não podem ser dirigentes os que desprezam as antigas glórias do clube, desenvolvendo planos comerciais e de marketing que não sabem aproveitar as maiores estrelas que passaram por Alvalade

    E, conforme explica este texto, não podem ser dirigentes os que não cuidam da identidade do Sporting. Há identidade no Ajax, há identidade no Barcelona, há identidade no Arsenal. E nenhum destes clubes deixa de ganhar. Uns mais que outros, mas ganham. Com identidade que os seus adeptos, e o mundo do futebol, reconhecem e celebram.

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  12. Ponto prévio: parabéns pela iniciativa.

    Para quem tem acompanhado o PLF nos últimos anos há poucas novidades neste texto.

    Deixo apenas uma pequena critica à vossa introdução, não sei se propositada ou não, mas parece demasiado hostil para quem neste momento se candidata à presidência do clube. São frases fortes que podem afastar os candidatos a interpretar a vossa mensagem por a acharem pretensiosa, e sendo para eles o foco do Manifesto, acho que deviam ter uma abordagem mais suave, mesmo que a vossa declaração de interesses seja de não quererem "poleiro".

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  13. Metralha,

    só para deixar claro que o Manifesto é nosso. E não cometo nenhuma inconfidência se disser que, por estar assoberbado de trabalho, a minha contribuição para o seu texto final é reduzidíssima.

    As ideias, como sempre, são o património do Sporting.

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  14. Por mim vocês podiam constituir uma lista para se candidatarem ao conselho leonino. Já seria bom ter lá pessoas com a vossa visão.

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  15. Sabem como começamos a recuperar o Sporting? Neste preciso momento cada acção do sporting é 70 cêntimos... o preço de um café. Não faço ideia da quantidade de acções do Sporting que estão em bolsa nem como descobrir isso, mas se cada sócio adquirir, vá, 10 acções (7 euros), começamos aos poucos a recuperar a SAD para os sócios, certo? Corrigam-me se estiver errado, por favor.

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  16. Depois de ler muitos dos comentários, além da resposta à dúvida que coloquei, por uma vez que este espaço ao contrário de outros, está a conseguir não ser "ferido" por chavões sectaristas sobre "rupturas" e "continuidades".

    Caro PLF, penso que o que sugere uma operação "back to basics" operada por uma ou mais individualidades que sintam como desígnio a recuperação do imaginário (perdido) de um Sporting inovador e fiel ao seu lema. Mas não seria esse o motivo das próprias eleições? Será este espaço uma prova de que o processo eleitoral já está deficitário face às necessidades de afiliação do clube? É a ideia de modelo de clube que está errada ou o modelo de participação no mesmo?
    O modelo dado pelo MPM dos Green Bay Packers (que é semelhante a alguns clubes amadores ingleses)é interessante, mas numa sociedade passiva e patriarcal portuguesa seria espectável a participação dinâmica dos associados?
    Estou a fazer demasiadas perguntas, mas penso serem fundamentais num momento em que se encontra o clube. Deixo uma última, que não deve ser entendida como "last resort", mas como um possível caminho face a todas as dificuldades:

    Não seria mais fácil começar de novo a erigir um clube que corresponda à verdadeira identidade do Sporting Clube de Portugal? Cada ano que passa este Sporting está mais longe de permitir esta operação. Cada vez mais longe da viabilidade, que não do dinheiro, mas sim de ideias.

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  17. jusko,

    Parece-me que essa será uma falsa questão.

    Julgo não estar errado ao dizer a gestão da SAD foi sempre liderada pelo Sporting Clube – desde o início e independentemente da estrutura accionista, os administradores executivos da SAD têm sido sempre nomeados por indicação do Sporting Clube. Foi no Sporting Clube que nasceu o “Grupo Sporting” e as n empresas que o constituem.

    Julgo que é no Sporting Clube que reside o problema e é no Sporting Clube que se encontra a solução.

    Saudações leoninas,
    João

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  18. João,
    concordo totalmente. A partir do momento em que o Sporting Clube sair do coma, a viabilidade empresarial do Grupo aumenta na mesma proporção ou até maior.
    Às vezes sinto-me desesperado por querer ajudar o clube a sair de onde está, mas irrita-me a minha impotência ou mais ainda, não saber o que fazer para ajudar.

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  19. O Sporting deve ser o clube com mais massa critica a nível nacional e a comprova-lo estão estas eleições, onde se perfilam 6 candidatos a Presidente e mais 3 ou 4 listas para o Conselho leonino.
    Ora esta profusão de listas e candidatos deveria redundar num debate ou discussão profícuos para o nosso clube. Ao invés o que se tem assistido é precisamente o contrário. Muito barulho e pouco esclarecimento, pelo menos na minha modesta perspectiva ainda não se afloraram os reais problemas do presente e futuro do clube a par do que considero ser o mais importante no SCP: O seu património humano ou seja os seus milhões de adeptos. E o SCP só existe ou só tem significado se conseguir fazer a comunhão entre esses adeptos e o clube. Se não houver uma fusão efectiva entre a Instituição e os adeptos nunca poderemos ter um clube pujante e ganhador. E para mim essa é a mola de toque. O clube descurou a sua filiação com os adeptos e foi perdendo cada vez mais sócios e hoje somos uns míseros 20.000 a 30.000 com direito efectivo a delinear o futuro do clube. E é neste património humano que se deve investir. Logicamente o clube é principalmente futebol e é essa a mola real do clube. Todos percebemos que sem equipas ganhadoras ao nível do futebol dificilmente captaremos mais adeptos. Tempos houveram em que não era totalmente verdade, o que atrás foi descrito. Tempos houve em que o clube pouco ganhava em termos futebolísticos e conseguia fazer crescer a sua massa associativa. E porquê razão acontecia? Fundamentalmente porque se incrementava a relação Clube/Adeptos através dos Núcleos. Eles eram a pedra de toque para a fusão entre Adeptos e Clube. Sportinguistas que mais tarde se tornavam sócios; especialmente quando conseguiam atingir a independência económica, como foi o meu caso. A paixão já existia, mas foi exponenciado num dos muitos Núcleos espalhados pelo país e que floresceram nos idos de 90 do século passado.
    Tudo isto para dizer que a tónica pode estar no futebol, nas finanças; que até podem ser muito importantes, mas se descurarmos esta ligação dificilmente vamos poder crescer.
    Não sou contra quem fala de finanças, mas o adepto comum não se entusiasma com finanças ou não pode ser captado para sócio através das finanças.

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  20. Também não opino de futebol, esse campo é para os qualificados nessa área e aqui abro um parêntese para dizer que não concordo que se façam abordagens técnicas e se deixem conselhos se não formos realmente entendidos nessas matérias. Costuma-me sempre muito ler certas dissertações sobre modelos e estratégias por parte de pessoas que não dominam com segurança determinadas áreas.
    Por isso o meu alerta é sobre uma área que domino com algum á vontade. Os Adeptos, os Sócios e os Núcleos. E aqui está muita coisa por fazer e muita coisa por recuperar e que foi sendo perdida ao longo destes anos.
    Se querem que os Adeptos se venham a tornar sócios têm de lhes dar uma participação e uma voz activa no clube. E não vejo ninguém a falar disto ou falam pela rama. O Sporting para os Sportinguistas e Nós Somos o Sporting são slogans muito bonitos, mas nada representam se não houver uma efectivação destes conceitos. Assim os sócios não devem ter somente deveres, mas devem passar a ter muitos mais direitos. Todos os sócios devem passar a ter o direito mínimo a 1 voto. Isto seria de fundamental justiça e permitiria uma participação efectiva na vida do clube. Para que tudo sito seja alterado e possa acontecer é urgente mudar o paradigma do clube e isso só vai acontecer quando o SCP alterar os seus Estatutos que estão caducos e anquilosados e que nunca permitirão um avanço efectivo do clube enquanto não forem alterados. Alguns dirão que o que interessa é o futebol e que tudo o resto vem por arrasto. A esses eu pergunto se poderemos ser campeões todos os anos ou se alguém pode prometer; no seu perfeito juízo, um campeonato para ontem. É obvio que não... Assim sendo têm de alicerçar o futuro do clube noutras bases e dar-lhe outras garantias de estabilidade e essa só podem vir de um lugar: Mole sportinguista.
    Ideais todos temos e cada um terá mais que uma, para reunir as melhores ideias é que se fazem os Congressos leoninos e excelentes ideias são recolhidas nesses fóruns de discussão. É pena que depois fiquem todas na gaveta.

    Duas ou três ideias fundamentais na minha perspectiva:

    - Voto electrónico em qualquer parte do globo
    - Voto para todas as categorias de sócio, incluindo os Correspondentes
    - Diversificação das categorias de sócio. Ex: Sócio de Núcleo.
    - Redimensionar o nº de votos por anos de sócio
    - AG em videoconferência com os vários núcleos do país.


    E a fundamental alteração dos Estatutos.

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  21. Já agora só mais uma achega. Os modelos importados nem sempre resultam no nosso país. A ideia de um clube gerido por sócios ou um clube em que os sócios sejam maioritarios numa SAD parece-me um pouco utopica e preigosa para a realidade portuguesa. Alguns dirão que ai sim, a participação é mesmo efectiva e por dentro. Não vou tão longe, porque até julgo que os pequenos accionistas/sócios nunca conseguiriam juntar o capital necessário. Por isso centro mais a minha ideia numa participaçõa Efectiva e com mais direitos para os vários sócios do SCP. Com algum poder decisão e aqui não incluo determinadas áreas, como o futebol por exemplo, pois essas devem ser entregues a profissionais habilitados.

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  22. Boas. Acho excelente a vossa iniciativa. Tudo o que seja pôr as pessoas a pensar e a dialogar é o melhor nesta fase do clube, porque a partir de dia 27 temos de viver com o resultado eleitoral e respeitá-lo. E viver com a escolha eleitoral que há, porque o resto é inútil. Começar por despersonalizar a eleição do presidente. O próximo presidente do Sporting não tem de ser uma pessoa com quem gostássemos de conviver, tem de ser uma pessoa que consiga defender os interesses do clube e que seja influente. É crucial a recuperação do futebol. É a crise no futebol que está a provocar o grande mau estar e a crise de identidade que se sente. Sem a recuperação do futebol também não há espaço para reactivar modalidades ou investir mais nas que já existem.

    Não vou fazer campanha eleitoral mas acho que devia haver colaboração entre duas candidaturas para partilha de recursos. A candidatura que tem pré-acordo com um bom treinador, mas não consegue apoios para fazer lista, devia juntar-se à lista que tem mais influência, massa crítica e maiores hipóteses de vitória. O Sporting só ganha com a congregação de esforços e com a clarificação no processo eleitoral, porque acima de tudo há que governá-lo depois das eleições.

    Acho engraçado terem mencionado os Green Bay Packers, de que gosto muito. Os seus accionistas são basicamente sócios, pois os Packers são uma empresa com fins não lucrativos e o dinheiro que os accionistas investem não dá direito a receber dividendos. Mas as semelhanças acabam aí porque eles têm muito mais adeptos que qualquer clube português, têm poder de compra e um respeito e amor por aquela organização que é difícil equiparar. O gasto médio de um fã dos Packers em "merchadising" do seu clube (ou qualquer adepto de desporto nos EUA) é do outro mundo por comparação com o português. E depois há ainda outra coisa que os distingue e é reconhecido por todos nos EUA, que é a cultura desportiva. São os adeptos mais cultos sobre o futebol americano. Na Europa talvez só os adeptos ingleses é que são verdadeiramente entendidos sobre o nosso futebol.

    A massa adepta "educada" e informada permite, por exemplo, que a gestão de topo tenha mais tempo para trabalhar e possa apostar na formação (de jogadores oriundos do futebol universitário) em vez de apostar em jogadores livres de contrato, que são jogadores feitos e por vezes grandes estrelas, mas que custam muito dinheiro. Quanto mais culto sobre o jogo for o adepto, melhor apoiante será na bancada, porque saberá alternar o incentivo à sua equipa e a intimidação ao adversário. Ambos os comportamentos são importantes para um bom factor casa.

    Depois há a questão da gestão desportiva. Os Packers, os Patriots e os Steelers são muito inteligente nesta área. São excelentes a recrutar, a formar e a decidir quando vale a pena fazer um bom contrato a um jogador que vai ficar livre, ou podem prescindir dele e apostar num jovem. Por vezes é preciso sacar dos dólares, outras vezes é melhor dar guia de marcha. Estas decisões valem épocas. Enfim, é uma realidade muito difícil de replicar aqui. É preciso saber muito.

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  23. Por inspiração do vosso manifesto inclui no blogue 'o desporto e a sua economia' um poste acerca da Economia dos grandes clubes portugueses.

    O link é o seguinte: http://desportoeconomia.blogspot.com/2011/03/economia-dos-grandes-clubes-portugueses.html

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  24. Excelente blog.

    Querem fazer troca de links e seguirmos o blog um do outro?

    Está a decorrer o concurso "Com 50 milhões eu fazia" em que você tem que fazer o seu plantel do Sporting para a próxima época atacar o titulo.

    O mais realista será o vencedor, concorra em:

    imperiofutebolistico.blogspot.com

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